quinta-feira, 19 de abril de 2007

Artrite-encefalite dos caprinos

Doença: A artrite-encefalite caprina é uma doença exótica, introduzida no Brasil pela inadequada importação de reprodutores de países, que convivem de forma perigosa com a doença. Sua disseminação em nosso país deu-se através da indiscriminada distribuição de matrizes, com excelente padrão genético, porém infectadas, em regiões de tradicional criação de caprinos. Vários estados brasileiros já se mobilizaram no sentido de investigar a real situação de seus rebanhos, quanto a infecção dos caprinos pelo vírus da CAE (CAE – abreviação do inglês Caprine Arthritis-Encephalitis). Todavia os resultados obtidos têm sido alarmantes, causando grande preocupação aos criadores e aos médicos veterinários, pois os estudos clínicos epidemiológicos conduzidos nos referidos estados brasileiros, tem demonstrado a cada ano o crescente número de animais infectados e a diminuição do número de rebanhos isentos dessa infecção.

Nas várias regiões de criação de caprinos, principalmente de raças leiteiras, tem sido relatados casos clínicos isolados, envolvendo animais infectados pela CAE, esses casos tornam-se mais freqüentes e evidenciados, sobretudo pelo crescente número de caprinos acometidos por artrites, mamites e pneumonias.
CAE é uma enfermidade infecciosa viral específica de caprinos, de difícil controle, sobretudo pela indisponibilidade de vacinas e pela ampla distribuição da doença em plantéis de excelente qualidade zootécnica e grande valor econômico.

Prejuízos: Por sua ampla difusão a CAE é considerada cosmopolita e causadora de enormes prejuízos à pecuária de inúmeros países produtores de laticínios de excelente qualidade. A enfermidade geralmente tem evolução crônica, caracterizando-se por apresentar longo período de incubação, com evolução clínica lenta, progressiva e inexorável; sendo todos os tipos raciais de caprinos susceptíveis à infecção e à doença.

Foi inicialmente descrita nos Estados Unidos, sob a forma clínica de leucoencefalomielite dos caprinos, sendo observada quase que exclusivamente em cabritos, na faixa etária de um a quatro meses de idade. A seguir estabeleceu-se que a doença caracterizava-se por quatro formas clinicamente distintas: nervosa, articular, respiratória e mamária.

Economia: os prejuízos econômicos decorrentes de qualquer uma das quatro formas clínicas da CAE foram considerados significativos, principalmente pela diminuição do período de vida produtiva do animal: diminuição gradativa da produção de leite, predispondo a glândula mamária às infecções, causando agalaxia e endurecimento da mama, desvalorizando comercialmente os animais de criatórios considerados infectados. Além do mais, o controle sanitário do rebanho é considerado de difícil idealização, condução ou acompanhamento e os programas de controle e/ou de erradicação demorados e muito dispendiosos.
A infecção dos caprinos pelo vírus da CAE foi considerada como um estado vital permanente, pois o vírus persiste no organismo por toda a vida do animal, havendo a possibilidade da viremia ser permanente, fato que facilitaria a transmissão do vírus, através de fômites, agulhas, tatuadores, aplicadores de brincos e material cirúrgico contaminado com sangue de animal infectado. A transmissão da infecção pelo vírus causador da CAE, por via transplacentária ou por monta natural, em caprinos, ainda não foi comprovada de forma insofismável. O aleitamento coletivo adotado em criações intensivas, foi relatado como uma forma de manejo que favoreceria a disseminação da infecção viral.


Diagnóstico: O diagnóstico da infecção determinada pelo vírus da CAE pode ser estabelecido por métodos indiretos (detecção de anticorpos no soro sangüíneo) ou diretos pelo isolamento ou comprovação da presença do vírus causador da doença.

Algumas fotos:


Caprino infectado pelo vírus da CAE apresentando a forma clínica articular da enfermidade: artrite da articulação do carpo.


Caprino infectado pelo vírus da CAE apresentando a forma clínica articular da enfermidade: artrite da articulação do carpo, atitude, postura e aprumos anormais.


Cabrito infectado pelo vírus da CAE apresentando a forma clínica nervosa da enfermidade: tetraparesia.

Artrologia

Conceito: é o estudo das articulações (junção de dois ou mais ossos).
Classificação:
Ø Sinartroses ou Fibrosas: são todas as articulações nas quais os ossos são mantidos por tecido conjuntivo fibroso, conhecido como ligamento sutural. Há dois tipos principais de articulações fibrosas: suturas e sindesmoses. Dependendo em parte do comprimento das fibras de tecido conjuntivo que mantém os ossos unidos.


· Suturas: as extremidades dos ossos têm interdigitações ou sulcos, que os mantêm unidos. Assim, as fibras de conexão são muito curtas preenchendo uma pequena fenda entre os ossos. Este tipo de articulação é encontrado somente entre os ossos planos do crânio. Na maturidade, as fibras da sutura começam a ser substituídas completamente, os de ambos os lados da sutura tornam-se firmemente unidos, fundidos. Esta condição é chamada de sinostose.
Termos morfológicos:
- Serrátil;
- Denticulada;
- Escamosa;
- Limbosa;
- Plana;
- Esquindilese.

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Sindesmoses: o tecido que matem os ossos é também o conjuntivo fibroso, porém não ocorre nos ossos do crânio. A Nomenclatura Anatômica registra apenas dois exemplos: sindesmose tíbio-fibular e sindesmose radio-ulnar.

· Gonfoses ou cavilha: é uma articulação fibrosa especializada restrita à fixação dos dentes nas cavidades alveolares na mandíbula e maxilas. O colágeno do periodonto une o cemento dentário com o osso alveolar.

Ø Anfiartrose ou Cartilaginosa: os ossos são unidos por cartilagem por serem possíveis pequenos movimentos nestas articulações.

Sincondroses: os ossos estão unidos por uma cartilagem hialina. Muitas delas são articulações temporárias, com a cartilagem sendo substituída por osso com o passar do tempo (isso ocorre em ossos longos e entre alguns ossos do crânio). As articulações entre as dez primeiras costelas e as cartilagens costais são sincondroses permanentes.
Sincondroses cranianas:

- Esfeno-etmoidal;
- Esfeno-petrosa;
- Intra-occipital anterior;
- Intra-occipital posterior;
- Sincondroses pós-cranianas:
- Epifisiodiafisárias;
- Epifisiocorporal;
- Intra-epifisária;
- Múltipla;
- Esternais;
- Manúbrio-esternal;
- Xifoesternal;
- Sacrais.

Sínfises: As superfícies articulares dos ossos estão cobertas por uma camada de cartilagem hialina. Entre os ossos da articulação há um disco fibrocartilaginoso é característica distintiva da sínfise. Esses discos por serem compressíveis permitem que a sínfise absorva impactos. A articulação entre os ossos púbicos e a articulação entre os corpos vertebrais são exemplos de sínfises. Durante o desenvolvimento as duas metades da mandíbula estão unidas por uma sínfise mediana, mas essa articulação torna-se completamente ossificada na idade adulta.
As sínfises:

- manúbrio-esternal;
- intervertebrais;
- sacrais;
- púbica;
- do mento

Ø Diartrose ou Sinovial: as faces articulares dos ossos não estão em continuidade. Elas estão cobertas por uma cartilagem hialina especializada e o contato está restrito a esta cartilagem. O contato é facilitado por um líquido viscoso, o líquido sinovial. Essas articulações são revestidas por uma cápsula fibrosa.
· Cápsula Articular: membrana conjuntiva que envolve a juntura sinovial como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna). A primeira é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos por feixes também fibrosos, que constituem os ligamentos capsulares, destinados a aumentar sua resistência. Em muitas junturas sinoviais, todavia, existem ligamentos independentes da cápsula articular denominados extra-capsulares ou acessórios e em algumas, como na do joelho, aparecem também ligamentos intra-articulares. Ligamentos e cápsula articular tem por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disso, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados normais. A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular. É abundantemente vascularizada e inervada sendo encarregada da produção da sinóvia. Discute-se se a sinóvia é uma verdadeira secreção ou um ultra-filtrado do sangue, mas é certo que contem ácido hialuronico que lhe confere a viscosidade necessária a sua função lubrificadora.

Discos e meniscos: Em várias junturas sinoviais, interpostas as superfícies articulares, encontram-se formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida: serviriam a melhor adaptação das superfícies que se articulam( tornando-as congruentes ) ou seriam estruturas destinados a receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua característica forma de meia lua, são encontrados na art. do joelho. Exemplo de disco intra-articular encontramos nas arts. esternoclavicular e ATM.
O movimento das articulações depende, essencialmente da forma das superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limitá-lo. Na dependência destes fatores as articulações podem realizar movimentos de um, dois ou três eixos.
Este é o critério adotado para classificá-las funcionalmente. Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de um eixo, é chamada de monoaxial ou que possui um só grau de liberdade; será biaxial a que os realiza em torno de dois eixos ( 2 graus de liberdade); e triaxial se eles forem realizados em torno de três eixos (3 graus de liberdade). Assim as articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são monoaxiais; aquelas que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a rádio-cárpica ( art. do punho), são biaxiais; finalmente as que além de flexão, extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas triaxiais, cujos exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril.

Algumas Diartrose
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Coluna Vertebral
· ATM
· Ombro
· Cotovelo
· Rádio-Cárpica
· Quadril
· Joelho
· Tibio-Fibular
· Talo-Crural


Exemplos de articulações:


1. Articulação coxofemoral de bovino.


2. Articulação fêmuro-tibio-patelar de bovino.



Bibliografia: http://www.anatomiaonline.com/artrologia.htm

Foto: Laboratório de anatomia da FAZU.